PT já se convenceu que PMDB não aceita ser vice

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Em entrevista exclusiva ao IMPACTO, José Maria Tapajós fala de sua experiência como político e de sua candidatura à prefeitura de Santarém

José Maria Tapajós: “Prefeito tem que administrar fora do gabinete”

Entre elogios, críticas e
ressentimentos, o pré-candidato à prefeitura de Santarém, vereador José
Maria Tapajós, vai esperar até os últimos instantes, que o PT aceite
compor como vice na chapa do PMDB. Em entrevista exclusiva ao JORNAL O
IMPACTO, ele deixou escapar que ao contrário do que foi noticiado, o PT
pediu de volta a pasta da Saúde. Não foi uma entrega voluntária, e
desabafou: “É sabido que na medida em que o PT solicitou a pasta da
saúde, não resta a menor dúvida de que houve o rompimento de um acordo
lá no início da composição da chapa”. Em outros momentos, Tapajós falou
dos mais diversos temas. Veja a entrevista:

JORNAL O IMPACTO: Como o senhor recebeu a informação de que com o impedimento do deputado Antônio Rocha, seu nome fluiu como o candidato natural?

José Maria Tapajós: Nós
sempre tivemos a consciência de que o PMDB tem em seu quadro,
lideranças que podem assumir a condição de pré-candidato à prefeitura de
Santarém. Quando foi cogitada a possibilidade de o partido ter
candidatura própria, os dois nomes cogitados foram, o do deputado
Antônio Rocha e o meu, com apoio do diretório do PMDB. Em fevereiro,
como todos sabem, desisti de concorrer e também hipotequei apoio ao
deputado Antonio Rocha. Entendo, inclusive, que foi uma questão de
interpretação da Lei Eleitoral, nada que maculasse o seu nome. A parir
daí fomos convidados a ocupar essa condição, com o apoio do senador
Jader Barbalho, do prefeito de Ananindeua Helder Barbalhos, do próprio
deputado Antônio Rocha, dos ex=prefeitos de Santarém, Ronan Liberal,
Ronaldo Campos e Rui Corrêa.

JORNAL O IMPACTO: A sua pré-candidatura está diretamente relacionada à sua atuação política de 24 anos na condição de legislador?

José Maria Tapajós: Eu
me considero como um atleta de futebol, que embora seja especializado em
uma posição, posso ser escalado para outra e tenho o compromisso de
jogar tão bem como na posição anterior. Como Vereador de sexto mandato,
tenho condições políticas e administrativas, além de sensatez e
experiência, para exercer um cargo de tamanha importância, como  é ser
Prefeito de uma cidade de 300 mil habitantes. Convém lembrar que fui
Prefeito num período dos mais difíceis. Naquele momento, com o
alagamento do Município, a crise internacional chegando em Santarém, com
diminuição de repasse no ICMS e no FPM, nós precisávamos passar para a
população que o problema de Santarém naquele momento não era
administrativo, e sim político. Apesar das condições adversas, nós
conseguimos colocar o Município na condição de adimplente, capaz de
conseguir firmar convênios para a captação de recursos. Na ocasião, as
obras não pararam, e até concluímos algumas, e os recursos não faltaram,
nem para pagamento de pessoal e a contrapartida dos convênios.

JORNAL O IMPACTO: Com uma experiência conquistada na adversidade deu para ter uma noção, do que Santarém, mais precisa?

José Maria Tapajós: Entre
os problemas mais graves de Santarém, estão a falta de infraestrutura,
saneamento, oportunidade de trabalho, saúde e a esperança que a
população tem, é de que o Prefeito busque os meios para conseguir os
recursos através de parcerias com os governos Estadual e Federal. A
infraestrutura é uma dívida que os gestores tanto os que passaram como a
atual tiveram e tem com a população de Santarém. E este é um grande
desafio para o próximo gestor.

JORNAL O IMPACTO: Como
andam as articulações à vésperas do último dia das convenções
municipais, do convite feito pelo PMDB ao PT para compor chapa na
condição de vice?

José Maria Tapajós: Nós
do PMDB entendemos que o PT é um partido que merece e tem todo o nosso
respeito, tem militância, tradição. Da mesma forma, o PT entende a
importância do PMDB, com uma aliança nos moldes da que aconteceu em
2008, quando o PMDB participou como vice. Naquele momento nós recuamos
de candidatura própria na ocasião com o deputado Antonio Rocha e
indicamos o vice, José Antonio. Portanto, continuamos aguardando uma
decisão do PT, com o qual certamente sairemos mais fortalecidos?

JORNAL O IMPACTO: Naquela ocasião, havia um acordo para que nas eleições de 2012, o PT formasse chapa na condição de vice?

José Maria Tapajós: Não.
Não havia acordo formal, mas nós quando da convenção, eu pessoalmente
me lembro bem, e dizia naquela ocasião, que nas próximas eleições
pudessem analisar com os mesmos critérios que nós analisamos à época. O
PT desde então sabia que nós teríamos candidatura própria, e que
esperávamos ter o apoio do Partido dos Trabalhadores. O mesmo tom fez
parte do pronunciamento de outras lideranças, como o deputado Antonio
Rocha e Luiz Alberto Pixica, naquele momento. Apesar de todo respeito
que temos ao Inácio Corrêa e à Executiva do PT, nós esperamos mesmo que
até este sábado, o PT aceite o nosso convite.

JORNAL O IMPACTO: Com a
definição do seu nome como pré-candidato, em sua opinião, o PT já
desistiu de ter o PMDB mais uma vez como vice nas disputas deste ano?

José Maria Tapajós: Eu
acredito que sim, porque o PT já conversou com as nossas maiores
lideranças e conosco pessoalmente. Em todas essas conversas com o PT
ficou claro, que o PMDB tem um projeto, e nós acreditamos que o Partido
dos Trabalhadores já entendeu o nosso Projeto. O PT já se convenceu de
que o PMDB não aceita ser vice. Acredito sim que eles ainda não
descartaram a possibilidade de estarem conosco.

JORNAL O IMPACTO: Durante
o governo Maria do Carmo aconteceram desgastes naturais na relação
PMDB/PT. As arestas já foram aparadas em nome da unidade das duas
siglas?

José Maria Tapajós: Olha,
é difícil, e o PMDB e eu entendemos que acordos que se fazem para
ganhar eleição têm que ter continuidade também para garantir a
governabilidade. Nós entendemos que não há dois acordos, e as próprias
lideranças do Partido dos Trabalhadores reconhecem que houve falta de
cumprimento de compromissos com o PMDB. É sabido por todos que na medida
em que o PT solicitou a pasta da saúde, não resta a menor dúvida de que
houve o rompimento de um acordo lá no início da composição da chapa.
Diferentemente disso, o compromisso que possamos fazer seja com o PT ou
com os demais partidos, serão cumpridos. Nós jamais faremos um
compromisso que não possa ser cumprido. De qualquer forma, todas essas
situações que aconteceram são páginas viradas.

JORNAL O IMPACTO: Mesmo
com todos os sentimentos manifestados, e que se tornaram públicos, caso
o PT não aceite o convite do PMDB, os embates serão evitados?

José Maria Tapajós: Nós
temos a clara convicção de levar para a população santarena um projeto
diferente pautado em uma administração dinâmica, participativa. Ser
diferente é como fomos no primeiro semestre de 2009 quando assumimos a
Prefeitura. Ouvimos a sociedade civil organizada  e sem imposição. O
Prefeito não pode se dar ao luxo de administrar a Prefeitura entre
quatro paredes, mas sim fora e dentro do gabinete, um formato diferente
das administrações que já passaram por Santarém, sem a intenção de fazer
crítica a qualquer administração. O Prefeito ao ser eleito, tem o dever
de fazer diferente, e diferente para melhor. Essas diferenças vão estar
muito claras no momento em que for confirmada a nossa candidatura.

JORNAL O IMPACTO: No seu plano está a estruturação, ou até a extinção de alguma das 18 secretarias?

José Maria Tapajós: Quando
fui Prefeito eu não instalei quatro secretarias e duas coordenadorias,
porque naquele momento eu entendia que não havia necessidade. Como
entendo que minha administração não será irresponsável, não tomarei
nenhuma medida autoritária, antes de ouvir a minha equipe, sempre
pautado com o compromisso e trabalho. Só depois da avaliação poderemos
decidir se extinguiremos, ou até mudarmos de denominação, ou fusão.

JORNAL O IMPACTO: A
Câmara Municipal aprovou em meados do ano passado, crédito para que a
Prefeitura executasse melhorias da infraestrutura urbana e rural. Como
governar um Município que contrai empréstimos para fazer serviços
paliativos de recuperação do sistema viário?

José Maria Tapajós: Nós
não podemos cobrir um santo com o lençol de outro. Essa é uma situação
que merece muita cautela. O sistema viário de Santarém requer um
investimento urgente e de um valor alto. Os recursos municipais não são
suficientes para alavancar grandes obras como essas. O gestor municipal
tem, portanto, o dever de recorrer aos órgãos capazes de fazer
financiamentos altos, como por exemplo, o BNDES. Mas um governo quando
inicia, é justo que faça um débito para ele pagar, onde ele é
responsável. O que é certo que os empréstimos não podem comprometer a
capacidade de endividamento da Prefeitura, não correr o risco de o
Município não poder honrar com seus compromissos. Nós vamos estudar o
que é melhor para Santarém, e não o que é melhor para o Prefeito. Só pra
se ter uma idéia, no curto espaço de tempo que estive à frente da
Prefeitura, consegui quase R$ 5.000.000,00.

JORNAL O IMPACTO: Como seria a relação entre Santarém e o recém criado município de Mojuí dos Campos, na visão da administração de Santarém?

José Maria Tapajós: Mojuí
dos Campos é como aquele filho que adquire maturidade de se casar para
construir família, e eu estou feliz com essa nova família. Diferente do
Pará, que recentemente não admitiu a independência do Oeste paraense,
que seria benéfica para todos. Na transição precisamos ter o
entendimento de que o funcionalismo municipal terá a oportunidade de
opinar em qual Município quer continuar exercendo as suas atividades.
Mas não vejo maiores problemas durante essa transição. A infraestrutura
instalada lá vai permanecer lá.

JORNAL O IMPACTO: A sua experiência de legislador será mais atenta na visão de administrador do Município?

José Maria Tapajós: Eu,
com a experiência que tenho como legislador, vejo que o Prefeito
precisa ter na Câmara de Vereadores o seu verdadeiro auxiliar de
governo. As críticas que saem do Legislativo são construtivas e
benéficas para a administração municipal, mas alguns gestores não têm
essa compreensão. É salutar que todo Poder Executivo tenha uma bancada
de oposição. Vou reconhecer a Câmara, como a legítima representante da
sociedade.

JORNAL O IMPACTO: Se o PT desistir de ser vice do PMDB, qual o plano B?

José Maria Tapajós: Nós
estamos com diversos  nomes no colete, mas certamente temos bons nomes
que vão sair, inclusive caso seja preciso, dos cerca de 4 partidos que
estão se articulando conosco na nossa colisão. Mas repito, continuamos
aguardando a decisão do PT até o último momento, pela importância que
representa para a governabilidade, juntamente com o nosso partido.

Fonte: RG 15/O Impacto

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